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Elon Musk e a supremacia cis no Twitter

Por Veronyka Gimenes

Há uma revolta no Twitter com a declaração de seu novo dono sobre penalidades no uso dos termos “cis” e “cisgênero” na plataforma. Sua postura em proibir esses termos tem gerado debates sobre privilégio e o papel dos avanços nos estudos de gênero.

A discussão em torno da proibição do termo “cis” por Elon Musk coloca em evidência o conceito de privilégio. Como um homem cisgênero e heterossexual, Musk pertence a um grupo social que historicamente desfruta de privilégios e dominação em relação a outras identidades de gênero e orientações sexuais. Ao proibir o uso do termo “cis”, ele tenta proteger a supremacia dessas identidades e silenciar as experiências daqueles que não se enquadram nessas normas sociais.

A proibição do termo “cis” e “cisgênero” pode ser interpretada como uma tentativa de negar ou minimizar as experiências e as lutas enfrentadas por pessoas transgênero e não conformes com o gênero binário. Essas pessoas frequentemente enfrentam discriminação, marginalização e violência devido à falta de compreensão e aceitação da sociedade em relação à diversidade de identidades de gênero. Negar o uso do termo “cis” pode agravar a invisibilidade e a desigualdade desses grupos já marginalizados.

Os estudos de gênero têm desempenhado um papel fundamental na desconstrução de estereótipos e na promoção da igualdade de direitos para todas as identidades de gênero. Avanços nessa área têm proporcionado maior visibilidade e reconhecimento às experiências diversas e contribuído para a construção de uma sociedade mais inclusiva e justa. O termo “cis” surgiu como uma ferramenta linguística para descrever pessoas cuja identidade de gênero está alinhada com o sexo atribuído ao nascer, reconhecendo assim a existência de diferentes experiências de gênero.

O debate em torno da proibição do termo “cis” por Elon Musk levanta questões importantes relacionadas ao privilégio, à diversidade de identidades de gênero e aos avanços nos estudos de gênero. É fundamental reconhecer que, ao negar o uso desse termo, Musk está reforçando estruturas de poder que perpetuam a marginalização e a discriminação de grupos minoritários. Nossa sociedade deve continuar promovendo a liberdade de expressão, mas também deve se esforçar para criar espaços onde todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas, especialmente aquelas que estão em desvantagem histórica e enfrentam desafios significativos. A valorização dos avanços nos estudos de gênero e a busca por uma maior igualdade e inclusão são passos essenciais para construirmos um mundo mais justo e equitativo para todes.


Veronyka Gimenes
Navega entre programação, gestão, design e ativismo. Especializada em Desenvolvimento de Software, Globalização e Cultura, e Diversidade. Com mais de 15 anos de experiência nessas áreas, já trabalhou com IBM, Prefeitura de São Paulo, Banco Mundial (para Governo do Ceará e Rio Grande do Sul), Bloomberg Philanthropies, Ministério da Cultura do Brasil, Campanha Presidencial Lula 2022 e Haddad 2018 e 2022, Partido Rede, OAB SP entre outros. Atuou em projetos no setor Legislativo, Executivo e Judiciário e já coordenou campanhas políticas. Já palestrou no TEDxUFRJ, Democracy Lab (MediaLab-Prado, Madrid), MIS – Museu da Imagem e do Som, Red Bull Station, Prefeitura de São Paulo, IAB-SP e InovaDay/iGovSP.

Imagem: “Drag Musk” por Veronyka Gimenes (Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional)

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